Calma

                                 

Leia o texto ouvindo a música Idade do Céu. Fica a dica.

 

Calma. Era isso que meu coração precisava naquele instante. Fui percebendo aos poucos, com o correr do tempo, que os joelhos ralados doem bem menos que um coração inflamado e abalado por feridas antigas. Aquele Merthiolate que minha mãe usava em meus machucados quando eu era criança, causavam menos medo do que encarar a vida naquele momento. Em condições como essa, a gente se retira do mundo, se afasta pra poder pensar, mergulha os olhos em outra perspectiva e se afunda em um silêncio que parece ser interminável. Enganado por fantasmas do passado, praticamos o ato de não sentir. Estupidamente deixamos de transparecer aquilo que temos de melhor. O resultado fatal disso tudo, se dá com uma soma de silêncios gélidos e explicações infundadas do porque da falta de sentimento recíproco. O amor simplesmente para. Paramos de viver e passamos a sobreviver em meio a todo esse caos, chamado vida. E lá no fundo do poço, quando as coisas não fazem mais sentido, e quando você menos espera, tudo se renova. Vai tomando conta daquela solidão alguma coisa parecida com a calmaria de um médico dizendo: a dor se foi, não se preocupe. A vida a partir dali, retorna aos seus trilhos, e ao invés de um purgatório de desespero e tristeza, toma conta do lugar, algo sereno e neutro. Por isso, sem ser petulante. Peço-te: calma.

(Pablo Cavalcante) #PCC