Essas Coisas

              São coisas que acontecem, simplesmente assim, acontecem e pronto, não tem uma explicação, uma razão de ser. Num momento não existem e no outro estão lá, dando todo o ar de sua graça – ou desgraça, vai entender – nesse mundo caótico e dissimulado, cheio de esperanças vãs e desejos loucos que qualquer um pode ter.

            São coisas que por demais nos atormentam, nos impedem e outras vezes impelem, ora são como fogo que a tudo destrói,  avassaladoras, ferozes, verdadeiros algozes de nossos destinos, que não são tão mais nossos quanto de quem está ao redor – diga-se de passagem – e por vezes são brisa que chega devagar, um leve sussurrar, mas não se engane, é o suficiente para incomodar, tirar então tudo do lugar, e no fim reacomodar o que estava incomodando por não mudar.

              São coisas e por deveras não deveriam ser mais do que são, no fundo tão simples decoração de um coração que não se acomoda em seu rincão e por fim decide por se tornar refrão de sabe-se lá quantos boleros, às vezes nem tão sinceros como deveriam ser, mas com certeza mais do que se pode crer.

            Que coisas então são essas que a claridade de Lua deixa transparecer, quando em um fortuito encontro se lê, nos lábios de quem se vê, que não se enxerga nada além do querer de se ter aquilo que não se pode ver pelo preço do simples e esquálido viver. Alguns chamam de paixão, outros, amor, há quem diga ainda ser devoção e, no entanto, fico aqui na indecisão que me gera tamanha confusão pelo simples fato de que tais coisas, a muito, me habitam o coração.  

 

#HAM23