INVICTUS- UM FILME SOBRE A IGUALDADE RACIAL POR NELSON MANDELA

 

 

"Eu sou o mestre do meu destino. Eu sou o comandante da minha alma". Este é o emblemático trecho final do poema "Invictus", de Willian Ernest Henley. Ele é o coração pulsante deste belíssimo filme.


Baseado no livro "The Human Factor: Nelson Mandela and the Game That Changer the World", de John Carlin, Eastwood congrega sabiamente diversos elementos em um filme sobre intolerância, perdão e superação.

 

 
A história começa com Mandela sendo nomeado com honras presidente da África do Sul. Sua missão, como todos sabem, era praticamente impossível: tirar o poder daqueles que o tomaram à força, mas os aceitando como iguais. Para muitos compatriotas era uma tarefa impensável, tanto para brancos como para negros. Mas é com esse espírito visionário que Mandela luta contra as diferenças, e uma das formas de combate é apoiar seu time de rúgbi na Copa do Mundo, que seria disputada na própria África do Sul.
 
 
Apelidada com o nome Springbok (espécie de antílope da fauna local), a seleção em questão representava todo o passado do país. Para os jovens e adultos negros, ver aqueles homens de verde e dourado era como aceitar que o apartheid não havia acabado, pois afinal, eles pouco se reconheciam nos jogadores, já que apenas um negro integrava a equipe.
 
 
O time não ia bem e ganhar a copa parecia algo distante. Surpreendentemente a equipe teve um bom resultado, e o principal motivo disso foi Mandela, que o fez acontecer usando o apoio do povo. Temos aí um exemplo de como o esporte pode ser usado de maneira política positiva, diferente do Brasil, onde o mesmo sistema é utilizado mas de forma oposta. Mandela agiu com o coração e os resultados finais foram a prova de que as intenções eram sinceras.
 
 
Clint Eastwood é um dos mais influentes cineastas atuais. Mais uma vez todo seu respeito pela história o fez chegar a um resultado no mínimo respeitável. Juntamente com o roteirista Anthony Peckham, o diretor achou a mediada certa para analisar as diversas situações em que a falta de conforto causada pelo racismo eram evidentes. Elementos simples que explanam tudo. Devido a esse caminho tomado, não existem toneladas de discursos edificantes. Claramente, Mandela por muitas vezes profere suas palavras de sabedoria, todas comoventes, mas no geral a obra age no inconsciente. Eastwood nos leva a sentir que os personagens estão mudando, e estão mudando porque é a melhor coisa a se fazer. Olhares e atitudes são a alma desta história.
 
 
Após desfeito o nó que apertava a nação de forma severa, o diretor passeia pelas possibilidades na hora de filmar uma partida de rúgbi. Muito movimento, muito realismo e emoção são utilizados com destreza pelo diretor, acompanhado sempre pela trilha sonora de seus atuais colaboradores Kyle Eastwood e Michael Stevens. Optando por seus costumeiros trompetes, eles fundem o estilo jazzista dos últimos filmes aos tambores e vozes tribais da África.
 
 
A mensagem se solidifica e mostra seus resultados. Apesar de aparentemente sem importância, Mandela sabia que o esporte seria um elo perfeito para o povo naquele momento, e apresentar isso para o mundo era melhor ainda. O diretor faz questão de mostrar o presidente sempre extremamente ocupado, um homem que se dividia em dez para resolver os problemas sociais e comercias do país. Nem seus seguranças aguentavam o ritmo. Mas sempre havia tempo para o rúgbi. Um chá com o capitão, uma visita ao treino dos jogadores, uma palavra de incentivo, pequenos gestos para homens carentes de um sentimento de coletividade.
 
Fonte: Crticadaquelefilme
 
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